quinta-feira, 4 de junho de 2009

MEMORIAL

Começar a falar sobre as fases da vida que já passaram é complicado, mas, ao mesmo tempo, emocionante. Apesar dos 40 anos, vou estimular a memória para que ela seja fiel a todos ou a boa parte dos momentos da minha vida como aluna, que me trouxeram até aqui, uma profissional da Educação e eterna estudante.

Eu era uma menina tímida e muito, muito apegada a minha mãe, que me apresentou à vida escolar começando pela passagem no Jardim de Infância Pequeno Príncipe. Eu tinha 4 anos e, naquela época, nós morávamos na casa de minha avó materna, uma avó rígida, cobradora, danada de brava mesmo. Lembro-me de que muitas vezes ia para o jardim com dois vizinhos maiores, pois minha mãe trabalhava como professora(acho que a profissão está no sangue) e os horários, às vezes, eram difíceis.

Apesar da timidez, ou por causa dela, não sei, em uma tarde, fugi do jardim. Ninguém, na escolinha, percebeu, somente minha avó, sabe-se lá como. O resultado foram umas boas (e merecidas) palmadas, no meio da rua mesmo. O fato é que eu já estava cansando de "unir os pontinhos" para construir linhas de todas as formas. Queria algo mais, e o jardim não estava oferecendo.

Cheguei, enfim, ao pré-escolar, com 5 anos incompletos. Era um espaço reservado somente à educação infantil. Lá, em vez de fugir, cometia a insensatez de voltar para casa toda mordida. Eu era "cheinha" e, talvez, isso aguçasse o apetite dos coleguinhas canibais. Recordo-me muito bem do dia em que fomos procurar ovinhos de páscoa no quintal da escolinha, do cheiro do giz de cera e da "corrida de saco" que ganhei, apesar de sempre me achar uma criança "mole", "tansa" (como dizemos aqui no sul).

Não sei se saí alfabetizada do pré-escolar, mas, com 6 anos incompletos, estava na 1ª série do Colégio Dehon, um colégio inicialmente criado para meninos, que, mais tarde, abriu as portas para meninas também. Fui muito feliz nessa escola. A professora da 1ª série se chamava Sandra e tocava acordeão. Foi uma festa quando saímos pelas ruas, num Sete de Setembro, de chapéu de papel, como soldadinhos(nosso presidente, na época, era militar) e a professora Sandra com seu acordeão.

Dessa época em diante, foram só alegrias. Estudei com os mesmos colegas durante todo o "Primário" e o "Ginásio". A única coisa que me abalava um pouco, quer dizer, bastante, era a tal da matemática. Mas sempre dava um jeitinho e conseguia passar, apesar de me considerar sempre uma "burrinha" nessa disciplina. O professor que me marcou, nessa matéria, foi Moacir. Ele foi um dos professores de exatas mais humanos que tive. É incrível, mas não consigo me lembrar muito bem dos professores de Língua Portuguesa que tive.

Chegando no Ensino Médio(Segundo Grau naquela época) a "música mudou de ritmo." Mesmo estando junto com colegas conhecidos, a turma foi dividida, entraram muitos alunos novos, e, junto com eles, disciplinas e professores novos. Tudo ficou muito diferente, inclusive na vida pessoal, pois foi nessa época que dei meu primeiro beijo.

As novidades da 1ª série incluíram momentos chatos e de "desaprendizagem" quando assistia às aulas do professor de Física ".............. o terrível". Era do tipo que sabia tudo e não tinha didática nenhuma. Então, pela primeira vez, reprovei. Tinha notas boas em todas as matérias, mas, em Física, era uma "desgraça."

Após um verão de tristeza, por saber que iria repetir o ano, pedi a minha mãe que me matriculasse em outra escola, pois seria frustante ver meus amigos de uma década de convivência na 2ª série,e eu na 1ª. A nova escola, que era técnica, ofereceu-me novas amizades e possibilidades. O curso de "Técnico em Contabilidade" seria uma chance de entrar no mercado de trabalho.

Por ironia, o professou que mais marcou, dessa vez positivamente, foi o de Física, professor Carlos. Ele sabia o conteúdo e sabia socializá-lo. Era uma das melhores alunas da sala. Por incrível que pareça, nessa época achava que seria contadora, jamais professora. Então, o tempo passou e eu concluí o curso. Com muita disposição, cheguei a trabalhar na área, quando conheci um homem. Casamos.

O casamento me proporcionou uma mudança de profissão. Sem curso nenhum, formação nenhuma, comecei a atuar como dona de casa, e, assim foi até pensar que poderia exercer um trabalho que me realizasse mais. Decidi fazer faculdade de Psicologia, porém, quando estava no 2º semestre, surpresa: "bebê à vista". Era o meu primeiro bebê: uma menina. Laís nasceu, e realmente decidi que iria me dedicar a ela e a minha casa. Tudo ia muito bem e ficou melhor ainda com a chegada de Nelson Jr., meu segundo filho, 2 anos e 7 meses após o nascimento de Laís. Com muita alegria, fiquei em casa com meus filhos até que completassem 5 e 7 anos.

A dedicação e a prática como mãe me prepararam para o que sou hoje, uma profissional cheia de angústias, por ,como uma mãe, achar que estou sempre devendo alguma coisa aos meus alunos. Gosto muito do que faço, e, graças às dificuldades e conquistas, estou sempre aprendendo, com esperança de me tornar cada vez mais merecedora do título que levo: "Professora de Língua Portuguesa".

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